Como é que a gestão dos negócios devia ser como escovar os dentes?
Qual a relação, Ângela? – podes estar a perguntar.
E em vez de te responder pergunto-te: Qual é que achas que traz melhores resultados?
Óbvio certo?! Escovar os dentes todos os dias (consistência) é que trará os melhores resultados a longo prazo e não as idas ao dentista (intensidade). Além disso, poupamos dinheiro e isso importa a todos (menos ao dentista).
Mas não foi sempre assim. Nos princípios da década de 1900, a América enfrentava um grave problema de higiene dentária. Pois à medida que o país enriquecia, as pessoas começaram a comprar cada vez mais alimentos açucarados e processados. Quando o governo começou a recrutar homens para a Primeira Guerra Mundial eram tantos os recrutas com os dentes podres que os generais proclamaram que a falta de higiene dentária se tornara um risco para a segurança nacional.
Foi Charles C. Hopkins, que por ter aprendido a psicologia humana certa, desenvolveu uma campanha publicitária que permitiu à Pepsodent alterar os hábitos de higiene oral de milhões de pessoas. Ainda hoje, as regras de Hopkins são pilares dos manuais de marketing e alicerce de milhões de campanhas publicitárias.
Como é que Hopkins conseguiu alterar este hábito a milhões de pessoas? Como é que conseguiu tornar algo que nem existia num hábito diário que ainda hoje se mantém?
Ele compreendeu o ciclo dos hábitos! Compreendeu que o hábito se inicia sempre com uma “deixa”, que dá origem a uma “rotina” e que no final nos deixa uma “recompensa”.
“Mas afinal qual foi a campanha? Dá um exemplo de deixa, rotina e recompensa…” – dizes tu.
A campanha era tão simples quanto isto:
“Passe a língua nos seus dentes. Vai sentir uma película – é isso que tira o brilho aos seus dentes e abre caminho à cárie. Veja quantos dentes bonitos se vêm por todo o lado. Milhões de pessoas estão a recorrer a um novo método de higiene dental. Porque há-de uma mulher bonita ter uma película baça sobre os dentes? Pepsodent remove a película!”
Em resumo, a deixa era simples e evidente (película que tira brilho) e a recompensa (dentes bonitos) persuadiram milhões de pessoas a adotar uma nova rotina diária (lavar os dentes todos os dias).
Fazendo a transposição para a gestão de um negócio, as rotinas simples repetidas regularmente (consistência) vão contribuir para melhores resultados dia após dia ao invés de ações isoladas e pontuais (intensidade).
E é isto que pretendo. Ajudar os pequenas negócios a implementar métodos de trabalho que lhes permitam de forma estruturada, fazer crescer o seu negócio, ver a sua marca reconhecida, a planear de forma estratégica as várias ideias que tem para o negócio, entre outros.
“Mas isto implica a mudança de hábitos certo?”
Sim é verdade. Mas tal como explica melhor no livro “A força do hábito” de Charles Duhig, o velho hábito pode ser substituído por um novo hábito desde que a recompensa final seja igual ou superior à recompensa recebida com o velho hábito.
Por isso, se te consideras um “eterno aprendiz” tens tudo o que precisas para aplicar estas metodologias com sucesso que te vai facilitar as tantas tomadas de decisão que tens de fazer no teu dia a dia para a gestão do teu negócio.
No episódio abaixo, explico como é que os pequenos hábitos, te vão ajudar a fazer evoluir o teu negócio com menos esforço. A grandeza dos pequenos passos é incrível.
#9 Slow Business – Gerir um negócio devia ser como escovar os dentes
“Consegues dar exemplos mais práticos? Quais são essas rotinas aplicadas de forma simples e regulares?”
Aqui vamos nós…
| Consistência | Intensidade |
| Medir os dados de negócio de uma forma regular (ex: diariamente/semanalmente/ mensalmente)(ex dados negócio: faturação, custos, qualidade, satisfação cliente, novos clientes, tempo de entrega de projetos, retenção de talento) | Medir os dados de negócio para balanço do semestre/ano(ex dados negócio: faturação, qualidade, custos, satisfação cliente, novos clientes, tempo de entrega de projetos retenção de talento) |
| Reuniões curtas e regulares com a equipa para analisar ações de melhoria e evolução dos resultados | Reuniões longas e pontuais com a equipa para resolver problemas específicos |
| Manter os espaços de trabalho sempre limpos e organizados (diariamente) | Fazer limpezas profundas (ex: a chamada “limpeza de Páscoa”) |
| Feedback de desempenho de forma contínua | Feedback do desempenho na avaliação anual |
| Celebrar, de forma recorrente, pequenas vitórias, aprendizagens, obstáculos vencidos | Celebrar de forma anual o aniversário da empresa e as suas conquistas |
| Reunir a equipa e integrar as lições aprendidas de forma recorrente | Reunir a equipa e integrar as lições aprendidas quando algum problema especifico surge |
E talvez agora fique mais claro que a gestão dos negócios devia ser como lavar os dentes: um hábito regular que nos permite aprender de forma contínua como podemos evoluir e melhorar os resultados do negócio. Pois tal como disse Alvin Toffler:
“Os analfabetos do século XXI não serão aqueles que não sabem ler e escrever, mas aqueles que não sabem aprender, desaprender e reaprender”.
Até breve, eterno aprendiz
Ângela Silva – mentora de Slow Business
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